A AGÊNCIA PORTUGUESA DE REVISTAS
   

por João Manuel Mimoso

  

A Agência Portuguesa de Revistas é hoje um nome quase esquecido do grande público. No entanto, no Portugal dos anos 60 do século XX poucos lares haveria em que não se comprasse, mesmo que ocasionalmente, um ou dois dos mais de 50 títulos diferentes que publicava com uma tiragem combinada de mais de um milhão de exemplares mensais, como proclamava um cartaz da autoria de José Batista.

    
 

A história das primeiras duas décadas de existência da Agência – como era geralmente conhecida no meio editorial – é um extraordinário exemplo de sucesso à americana em terras portuguesas em que se misturou a capacidade de inovação, a orientação para o mercado, uma certa visão da qualidade, a aceitação do risco e a capacidade de vencer crises através de soluções de recurso. E também por isso merece ser preservada do esquecimento, tal como o são já hoje muitas das suas publicações.

  
     
 

A Agência Portuguesa de Revistas foi fundada em 1948 e existiu até 1987, havendo textos que traçam a sua história sobretudo enquanto editora de publicações de banda desenhada, em particular um, excelente se bem que resumido, da autoria de Jorge Magalhães (O império editorial da Agência Portuguesa de Revistas in "História da BD Publicada em Portugal", Edições Época de Ouro, 1995). Nenhum, no entanto, aborda de maneira global a evolução da empresa e a totalidade dos títulos periódicos que publicou. Foi desta óptica que decidi tratar a questão, restringindo-me às duas primeiras décadas de actividade, que incluem os tempos incertos do arranque, as opções editoriais que haveriam de moldar a empresa, as alterações que ocorreram na sequência da perda da relação privilegiada com a editorial catalã de Francisco Bruguera, e a época de ouro em que a empresa se firmou na produção nacional. Deixarei as décadas posteriores ao labor de outros investigadores.

  
      
 

Antes de me lerem, deixo as seguintes notas sobre o método e o estilo que utilizo:

-uma investigação histórica baseia-se, tal como uma investigação judiciária, em dados incompletos, cabendo ao relator completar os vazios de uma maneira coerente. Dos factos mais relevantes incluirei, ao terminar o trabalho, uma nota identificando as fontes. As especulações evidenciam-se, em geral, a si próprias uma vez que tento declaradamente reconstruir as premissas que conduziram a determinadas decisões que foram tomadas em privado por pessoas já falecidas. Se puder haver azo a confusões, farei a exposição de uma maneira que evidencie que se trata de uma construção especulativa;

-para tornar a leitura mais leve tento delinear a personalidade dos actores e por vezes dou mais ênfase a alguns porque lhes reconheço a iniciativa e capacidade de decisão em condições de incerteza. É o caso do Director-Geral da Agência e principal mentor das suas publicações, Mário de Aguiar (acima, à esquerda), que foi reconhecidamente o motor por detrás de muitas das iniciativas da editora. António Dias (acima, à direita), o outro sócio, homem tão discreto quanto eficiente é por isso mesmo menos referido. Mas apesar da sua actividade de organizador e gestor passar despercebida, não foi menos importante no sucesso da empresa e, é bom não esquecer, as decisões de risco foram igualmente suas.

  
      
 

Segue-se, então, o meu ensaio sobre a história da Agência Portuguesa de Revistas desde o ano da sua fundação até 1968, sem outras pretensões que divertir-me e partilhar o resultado convosco. Clique nas ligações abaixo, relembre as publicações da Agência, saiba a história de alguns dos seus construtores, e deixe-se levar pela nostalgia dos tempos em que coleccionava cromos e lia a Plateia, a Crónica Feminina, ou O Mundo de Aventuras...

  
      
    

 

Notas biográficas:

António Joaquim Dias

Carlos Alberto Santos

José Batista

José Antunes

Mário de Aguiar

Milai Bensabat

Outras páginas:

5º aniversário da APR- 1953

Ilustração de Carlos Alberto

 
Agradecimentos