Os Lusíadas de Luís de Camões

ilustrados por Carlos Alberto Santos

Canto I, estâncias 4- 5

Camões invoca as Tágides (ninfas do Tejo, inspiradoras de poetas).

     
4-
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E vós, Tágides minhas, pois criado
tendes em mim um novo engenho ardente,
se sempre em verso humilde celebrado
foi de mim vosso rio alegremente,
dai-me agora um som alto e sublimado,
um estilo grandíloquo e corrente,
por que de vossas águas Febo ordene
que não tenham inveja às de Hipocrene.
um som alto e sublimado- que todos ouçam e que seja sublime;
estilo grandíloquo e corrente- estilo grandioso mas fluente;
Febo- o mesmo que Apolo, deus romano da poesia;
Hipocrene- fonte mítica na Grécia Antiga que transformava em poeta quem dela bebesse.
5-
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Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
e não de agreste avena ou frauta ruda,
mas de tuba canora e belicosa,
que o peito acende e a cor ao gesto muda.
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
gente vossa, que a Marte tanto ajuda,
que se espalhe e se cante no Universo,
se tão sublime preço cabe em verso.
fúria- inspiração poética;
agreste avena ou frauta ruda- flauta de pastor, associada à poesia humilde ou de índole pacífica e bucólica;
tuba canora e belicosa- trompa de guerra, associada à poesia épica;
gente que a Marte tanto ajuda- gente guerreira.
    - ouça estas estâncias (mal lidas)- para estudantes estrangeiros
 

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