MENSAGEM de Fernando Pessoa- Segunda Parte: MAR PORTUGUEZ
- OS COLOMBOS
.ouvir Óleo de Carlos Alberto Santos
OS COLOMBOS
Outros haverão de ter
o que houvermos de perder.
Outros poderão achar
o que, no nosso encontrar,
foi achado, ou não achado,
segundo o destino dado.

 

Mas o que a elles não toca
é a Magia que evoca
o Longe e faz d'elle história.
E por isso a sua glória
é justa auréola dada
por uma luz emprestada.

Comentários: Este poema substitui um outro (infeliz, na minha opinião) chamado "Ironia" que constava das primeiras versões de Mar Portuguez publicadas em revistas e que começava "Faz um a casa onde outro poz a pedra/ o galego Colón de Pontevedra/ seguiu-nos para onde nós não fomos...".

Nesta forma posterior, o poema não se refere apenas a Cristóvão Colombo, mas a todos os navegadores estrangeiros (genericamente e algo maldosamente chamados "Colombos") cuja glória, diz, é apenas um reflexo da luz das descobertas portuguesas.

Sem querer discutir a injustiça feita aos grandes navegadores italianos, ingleses, espanhóis, franceses, holandeses e nórdicos (para falar apenas dos ocidentais) direi apenas que, na minha opinião, este é o poema menos interessante de Mar Português. É, também, o único que foi escrito em 1934 para a publicação em livro..

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Lisboa, Portugal. Setembro 09, 2003
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João Manuel Mimoso
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